Decidi juntar alguns minicontos que eu escrevi há dois anos e expô-los aqui.
Se pintar mais algumas mini-ideia eu faço outro post.
1
Eram loucos um pelo outro; não podiam se desgrudar. Toda a cidade comentava que jamais vira gêmeos siameses como aqueles.
2
Por não apoiar a Revolução Francesa, foi taxado de louco pela família. Estavam certos: acabou perdendo a cabeça.
3
Com três tiros, matou um vizinho por causa de um empréstimo. Arrependeu-se. A morte impediu que o homem saldasse sua dívida.
4
A garota de programa sempre brigava com o namorado, também garoto de programa. Nunca concordavam sobre quem pagaria a conta.
Alguém igual a ela
sexta-feira, 10 de maio de 2013
segunda-feira, 1 de abril de 2013
sexta-feira, 22 de março de 2013
quinta-feira, 21 de março de 2013
Poema concreto 1
é,
me
ni
na,
um
dia
você
vai ver,
eu ainda
fujo daqui.
entro num
avião e vou já
para Paris. e nem se você
chorar, nem se você pedir eu
refaço minhas malas e volto para
esse país. sei que vai ser sofrido, mas
vai ser muito melhor assim. mesmo que não
seja melhor para você. mesmo que não seja melhor para mim
terça-feira, 19 de março de 2013
Contra-poema 3
promessas para o ano novo:
vou adotar um gato
vou trocar de sapato
vou andar de bicicleta
vou virar um atleta
vou tocar violão
vou falar alemão
vou arrumar um trabalho
vou provar queijo coalho
vou estudar economia
vou consertar a pia
vou visitar a Venezuela
vou dizer que amo ela
vou ler Don Quixote
vou dançar fox trot
vou aprender a sorrir
vou parar de mentir
* Foto: Fireworks, le bouquet, do gênio Man Ray
quinta-feira, 14 de março de 2013
Contra-poema 2
poeta é aquele
que não teme falar de si
que expõe os próprios problemas
como se fossem os males do mundo
poeta é egocêntrico
é ególatra
um pouco niilista
e demasiado romântico
poeta é emoção
poeta não tem razão
e o poeta quando é bom
deixa sangrar o próprio coração
por isso eu sou um cronista
segunda-feira, 4 de março de 2013
Poema natimorto 2
calipígia miragem
num vestidinho cor-de-rosa
para olhos gulosos
paisagem saborosa
coxas torneadas
seios turbinados
olhar lascivo
passivo, depravado
do alto de saltos altos
para baixo dos sonhos mais baixos
ela desfila apoteótica
hipnótica alegoria
que na alegria dos transeuntes
abutres aparvalhados
se torna fantasia carnavalesca
odalisca burlesca
girafando em seu rebolado
trotado eqüino
ela é presa fácil
dócil felino
com a cauda abanando
cumprimentando os espectadores
de sua apresentação mágica
estonteante, pornográfica
olham porteiros, motoristas
taxistas, pedreiros
ela passa e sorri
mal sabem que é um travesti
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